O juiz de vidro (Reflexos no meio do caminho)
No meio do caminho, um espelho;
não um qualquer, mas aquele que revela,
que não mente, que não se cansa de olhar,
como um juiz impiedoso que não sabe perdoar.
Ele não é vidro, é tortura, é risada,
um show de horrores da alma exposta na fachada.
Você encara, ele pisca, te desafia,
e você, patético, vira refém da fotografia.
A vida, esse teatro de máscaras e falas,
tem palcos e platéias, mas ninguém escapa das salas.
O tempo? Ah, o tempo é o diretor cruel,
que te manda repetir a cena até o papel.
Mas sigo, não por esperança, nem glória,
sigo porque, no fundo, adoro essa história
de enfrentar o reflexo, rir da desgraça,
e chamar de coragem essa nossa saga.
No meio do caminho, o espelho me espera;
eu paro, me vejo, caio e faço guerra.
E no fim das contas, se o espelho é a sina,
eu sou o bobo que inventa a rima.
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