Eco Mudo

 

A fúria queima,
uma fogueira acesa em noites que não pediram calor.
Mas aqui, neste mundo de paredes frias
e rostos que passam como páginas viradas rápido demais,
não há espaço para gritar.
A voz é um eco engolido
pela máquina que nos chama de modernidade.

Estou tão cansado de mim
que às vezes ouço os passos de minha sombra
e quero correr para longe dela.
Mas como fugir de um reflexo
que não conhece descanso,
que me persegue nos sonhos e nos espelhos?

Queria partir, sim.
Sumir pelas rotas esquecidas dos mapas,
habitar um lugar onde meu nome seja apenas um ruído
que o vento apaga antes de alguém ouvir.
Esquecer, finalmente, quem fui,
e deixar que o mundo também me esqueça,
como um grão de poeira varrido
para o canto de uma sala vazia.

E no fundo, talvez, tudo isso seja só o peso
de um "desculpa" nunca dito como deveria.
Mas o que faço com palavras que perdem as asas
antes de tocar o céu?
Como direcionar um sentimento
que só conhece o caminho para dentro?
Talvez, um dia, haja novas formas de dizer
o que sinto —
mas, até lá, sou apenas silêncio.

L. G. Unger

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