O Vazio Entre Nós



A manhã se espreguiça na janela
e o mundo segue sem me olhar.
O relógio, aquele velho,
continua a marcar a perda,
sem pedir licença.

Dizem que a vida é feita de momentos,
mas ninguém me explica o que fazer com as horas vazias.
Os outros seguem, caminham, falam,
mas é como se estivéssemos em diferentes vertigens
do mesmo instante, sem nos tocar.

Às vezes, é no silêncio que se percebe
que a solidão não é falta de companhia,
mas o excesso de nós mesmos,
refletidos em espelhos quebrados,
onde a imagem se distorce e se perde.

E assim, o dia escapa,
como se fosse possível prender a luz
com as mãos sujas de tempo,
mas tudo se dissolve,
como se fosse apenas mais uma espera.

L. G. Unger

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