O Homem do Sobretudo Negro



Na cidade sombria, onde o vento é obsoleto,
Caminha um homem de sobretudo preto
Seus passos são suaves, quase como uma dança,
Enquanto seu manto balança com encantadora esperança.

Suas unhas negras, como sombras profundas,
Riscam o ar como notas imundas,
O vento o envolve, em uma dança etérea,
Em meio ao crepúsculo, sua figura é miséria.

Ao seu lado, um gato branco, de olhos luminosos,
Segue o homem, com passos silenciosos,
A luz da lua pinta o felino de prata,
Enquanto o homem, alheio, na noite se retrata.
 
Mas não há mistério no movimento,
O manto negro dança como se tivesse vida,
Um véu que se move em jornada contida,
O homem de preto é puro sentimento.

O vulto do homem, perdido em seu próprio mundo,
Não percebe o felino, no caminhar profundo,
Na dança da noite, onde o vento é condutor,
O homem e o gato seguem, cada um com seu fervor.

L. G. Unger

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