Segredos vespertinos



O leste sussurrava. Os ventos eram o seu mensageiro. Além dos cânticos que traziam, potencializavam o aroma fresco da grama que circundava o pequeno lago. Outrossim, mais frio traziam consigo àqueles arredores.

Mas as álgidas massas de ar não eram um incômodo para aqueles dois. O motivo? Suas peles, corações e espíritos ardiam; e o que sentiam um pelo outro era tão palpável quanto a água gélida, tibiamente neutralizada ante olhares que capturavam a alma.

E, por falar em alma, não se trata de almas gêmeas existirem sob o crivo da Criação. Contudo, os filhos herdaram uma fagulha do Pai Celeste; que, sutil, brilhava como uma estrela a agraciar o vazio. Capazes de cultivar os próprios legados, podiam escolher um ao outro.

Ele, em pé, à beira do lago, pendia o olhar para ela, como um todo. Deslizou a visão pelas partes não submersas, até encontrar os seus olhos; que, parados, pareciam dançar com gracejo, como uma valquíria descendo dos salões rumo aos terrenos férteis de Midgard. Ela era a sua estrela da manhã, o farol a guiá-lo enquanto velejava pelo mar revolto. Não pensava, mas sentia tudo em um fragmento de segundo pausado no tempo e parecendo tomar todo o espaço figurado; enquanto descia pouco a pouco pelo lago que, em silêncio, prometera guardar os segredos vespertinos.

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