Sem sabor

 

São essas manhãs turvas

Cobertas de má vontade

E longas noites de chuvas

Uma época de saudade.

 

O meu âmago sente falta

De um homem que nunca fui

Que aos meus olhos salta

Pois de força se constitui.

 

O silêncio da alma

Veste-se de calma

Apagando os desejos

Antes que virem lampejos.

 

Mas o vazio não é tão sutil

Ouve-se como um canil

Morde como um cão

E me deixa sem chão.

 

Eu queria mais e a vida não deixa

Diz que não sou condizente

E por isso faço essa queixa

De forma tão transparente.

 

O que mais me falta é amor

Que me deixou na maternidade

Fazendo de mim uma metade

Sem ardor, sem sabor.

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