O peso de um nome


Houve tempos em que as minhas manhãs se davam comigo acordado, contemplando os céus que ainda não podia compreender. 

Hoje, passo as minhas manhãs desacordado, envolto em sonhos ou pesadelos, ou simplesmente no escuro. Os céus eu ignoro, como ignoro a mão invisível que tenta me puxar de volta para  a luz.

Às vezes é mágoa, medo, ou simplesmente o vazio que me mostram esse caminho. Disso eu não tenho mais medo; ao menos sei lidar. 

O que realmente temo é essa raiva que, embrionária, acompanha-me como uma herdeira desde os meus primeiros passos. Por pelo menos metade da minha vida escondida, foi ganhando espaço, manipulando o meu espírito. Hoje, ela sou eu. E eu não sou mais eu. Nesses momentos sou Svartanaglar, aquele que deixa as sombras virem para destruir tudo o que o Vidar ama.

O fogo que desliza pelas minhas veias e queima as minhas entranhas não é quente, mas frio como o inferno. 

E enquanto ele destrói tudo o que me é mais caro, eu ainda estou lá, como convidado, vendo tudo acontecer. E sou Vidar novamente.

Os céus ainda não compreendo, diurnos ou noturnos; ou, simplesmente, o entardecer. Mas eles sabem quem sou. E sabem que eu sou eu. Por que deixar que tomem conta de mim, então?

A isso digo que não. Não mais. Com ou sem mágoa, que a raiva se perca na luminosidade que faz do mundo enxergável. Com ou sem medo, que seja eu a senti-lo. Talvez eu só peça alguma ajuda no caminho.

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