O caminhar da madrugada
Ainda não beirou o fim da madrugada.
Gotas de garoa começam a tilintar em meus ouvidos
E deslizar pelo meu rosto, pálido pelo luar.
Cada passo pelas ruas escuras é uma ameaça a todos que me amam,
Exceto a mim.
Pelas sombras eu não vejo,
Mas sinto seres que me passam desesperança.
E eles tentam me vampirizar.
Penso em me entregar,
Obter um pouco de diversão autodestrutiva;
Mas olho para cima e vejo novamente a luz
É essa luz que cuida dos meus próximos passos,
Enquanto olho para frente.
Quando atinjo metade do caminho
E a minha maquiagem já mancha o meu olhar,
Os passos ficam mais fortes,
Assim como a minha mente.
Ainda sou eu.
O coração para de bater com dúvidas
E não sinto mais necessidade de caminhar de olhos abertos;
Já estou praticamente em casa,
E as trevas desistiram de me açoitar.
Talvez seja mesmo durante o dia
Que perpassam por mim os instintos de vingança
Quando me agoniza toda essa raiva,
Que desce por um rio cuja foz inexiste.
O dia passa o falso conforto,
E é nele que fracassamos.
A escuridão é convidativa à esperança
Porque esta não vem sem um caminhar errante, antes.
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