A estrela que mais brilha
Não é sempre que me lembro dos meus sonhos, mas há um que me fascina. Foi numa madrugada chuvosa de um ano bissexto, no próprio 29 de fevereiro.
Sonhei não que caminhava, mas pairava pelas estrelas; como se meu corpo fosse etéreo como os céus. Olhava para elas e pensava em como algo tão hiperbólico podia existir em tamanha quantidade. E as estrelas olhavam de volta para mim.
Pensei comigo mesmo: "isto é um sonho; por que não saio daqui e volto a apenas dormir?". Mas eu não devia sair, foi o que me disseram. Eu precisava olhar um pouco mais.
O negrume do espaço rugia, e esse urro perpassava por mim como o sopro de uma pessoa perpassa por uma cidade verticalizada. A vastidão, em vez de me amedrontar, brincava com a minha curiosidade.
A minha intuição dizia que devia seguir por ali, na direção daquela estrela. E ao que os melhores cientistas do mundo atribuiriam incontáveis anos-luz; cheguei na velocidade de poucos pensamentos. E ali, em algum lugar em meio ao indescritível... eu apenas não vi. Porque não pode ser visto. Faz parte de mim. Está lá, mas na verdade está em mim.
Só senti que devia ir para lá porque a nossa razão nos mostra a todo tempo que temos que olhar para tal lugar. Não, não se trata disso.
Bem, é hora de vagar de volta para a caixinha; ela não pode ficar vazia por tempo demais. Não enquanto ainda existir.
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