A LIBERDADE HISTÓRICA EM HEGEL E MARX
Em um primeiro momento desta matéria, será feita a contextualização de Marx e Hegel em suas épocas. Tal contextualização é necessária, não apenas porque estes foram dois dos filósofos mais proeminentes de toda História da Filosofia, mas também porquanto um filósofo sempre está escrevendo para seus interlocutores em uma dada época e, para que seja possível compreendê-lo, é de importância capital o pleno conhecimento de seu contexto histórico e sociológico. Desconsiderar esse fato, ao se realizar a explanação de um filósofo ou de uma escola filosófica, é incorrer inevitavelmente em equívocos de interpretação ou anacronismos. Escreve Porta:
Os filósofos escrevem
textos; estes, porém, não
são escritos para historiadores, professores ou estudantes, mas para outros
filósofos que são seus contemporâneos. Textos são dirigidos a interlocutores,
não a intérpretes. Tal observação é essencial para se tomar consciência e
entender por que os elementos oferecidos pelo texto, por regra geral, não são
suficientes para a sua compreensão.[1]
No segundo momento, far-se-á a explanação do conceito de história de ambos os
filósofos, sem o qual a compreensão do texto é seriamente prejudicada pela
falta de clareza conceitual, sobretudo quando se trata de autores nos quais o
âmbito da historicidade é tão amplamente explorado. Então será realizado, efetivamente, o esclarecimento acerca conceito de
Liberdade em Hegel e Marx e sua aplicação no âmbito da história, bem como uma
comparação de ambas as teses.
O
Contexto Histórico de Marx e Hegel
O
Contexto Histórico e o Desenvolvimento Intelectual de Hegel
Georg Wilhelm Friedrich
Hegel, nascido em 27 de agosto de 1770 em Stuttgart, fora criado desde a tenra
infância para ingressar na Igreja (daí, especula-se, a ênfase da religião
dentro de seu sistema). Em 1788, ingressou no Instituto Teológico de Tübingen,
dentro do qual fora fortemente influenciado pelo iluminismo alemão e francês –
nessa época, era leitor de Rousseau, Lessing, Kant e até mesmo Christian Wolff
(de quem pegara muitas referências, sobretudo acerca da história chinesa) e
Christian Thomasius (que propunha a língua alemã como uma substituta do latim
nos textos acadêmicos, elevando o grau de importância da língua).
No seminário, por mais que
tivesse percebido que não desejava entrar para igreja, encontrara grandes
futuros teóricos que o influenciariam para o resto da vida, dentre os quais
constam Hölderlin, Schelling e Karl Immanuel Diez.
Em 1790, Hegel, junto com
Hölderlin, teve contato com a obra Cartas
sobre Spinoza de Jacobi e ficara fascinado com o panteísmo spinozista (o
qual foi imprescindível para formulação do conceito de absoluto hegeliano). Muito embora Jacobi estabelecesse uma
confluência entre as noções de panteísmo e ateísmo, Hegel e Hölderlin tomaram
como referencia uma concepção muito distinta de panteísmo. Além disso, Jacobi
também fora uma influência imperativa para Hegel, sua tese de que a fé natural é a única resposta para todas
as antinomias do intelecto finito acompanhou Hegel por muito tempo e deixou
marcas em grande parte de suas obras.
Nesse mesmo período, Hegel se
debruçara sobre a questão de como trazer para o mundo da vida (Lebenswelt) toda a tradição religiosa de
sua cultura – empreitada esta obviamente árdua, tendo em vista que, em uma
primeira análise e segundo o próprio cânone da cristandade, não haveria como
conciliar a perspectiva panteísta hegeliana com o transcendentalismo cristão.
Ainda assim - inspirado por Rousseau, Lessing e pela tradição grega -, Hegel
intenta realizar um processo hermenêutico próprio e cria uma “nova religião”
harmonizada com a vida social efetiva e com a política.
Nessa “nova religião” não há
a noção de céu e de inferno ou de vida após a morte. Para Hegel, os indivíduos
“vivem no Volk” e, tal como era para
os gregos, sua imortalidade se dá na memória preservada dos homens. O ideal da
Religião, para ele, é erradicar o caráter imperativo da Razão e não mais ser
uma autoridade positiva, exteriorizante e mandatária. Cristo, tanto nos cânones
católicos e ortodoxos, como na Igreja Protestante, não é mais um profeta do
amor universal, mas um legislador, o Messias, “Rei dos Judeus” e, para Hegel,
não há nada mais contrário aos evangelhos do que tal acepção de Cristo.
Em outras palavras, Hegel
criou uma religião não positiva, isto é sem uma autoridade exterior, sem normas
peremptórias de conduta e sem recompensas; uma religião que nada mais propõe
além da aplicação de princípios racionalmente universais, como o próprio amor cristão – o qual servira como base
para fundamentação da tese da unidade entre as antinomias sujeito/objeto,
liberdade/natureza (oposição feita primeiramente por Fichte) e real/potencial.
De 1796 até cerca de 1800,
ano da morte de seu pai, Hegel ocupou-se majoritariamente da árdua
fundamentação da sua “religião da liberdade” e com pesquisas acerca de
diferentes tipos de epistemologia. De 1802 até o fim de sua
vida, em 1831, Hegel continuou trabalhando assiduamente na sua lógica de
explosões (contradições) e esclarecendo minúcias de seus sistema do Absoluto,
onde conhecer e construir são uma só e mesma coisa.
O
Contexto Histórico e o Desenvolvimento Intelectual de Marx
Karl Marx nasceu em Trier, na
Renânia alemã, em 1818. Embora sua família fosse de judeus, eles acabaram por
se converter ao cristianismo, para que seu pai pudesse prosseguir na sua
carreira como advogado, em vista das leis antissemitistas da Prússia do século XIX. Sendo um aluno precoce, Marx
estudou Direito em Bonn e Berlim, e posteriormente escreveu uma tese de doutorado
em Filosofia, comparando as filosofias da natureza de Demócrito e Epícuro.
Na conclusão do seu doutorado
em 1841, Marx ansiava por conseguir um trabalho na academia, todavia, ele já havia
entrado em um grupo muito radical de pensadores e não possuía qualquer
perspectiva real. Voltando-se para o jornalismo, Marx envolveu-se rapidamente
em questões políticas e sociais, e rapidamente encontrou-se considerando a
teoria comunista.
De seus muitos escritos
iniciais, quatro, em particular, se destacam, a saber: Contribuição para a Crítica da Filosofia do Direito, Introdução de
Hegel, Sobre a Questão Judaica –
os quais foram ambos escritos em 1843 e publicados no Anais Franco-Alemães -, Os Manuscritos Econômico-Filosóficos -
escritos em Paris no ano de 1844 - e as Teses
sobre Feuerbach, de 1845. Também em 1845, Marx e Engels escreveram a obra A Ideologia Alemã, na qual, como será
abordado ulteriormente neste texto, Marx começa a desenvolver a sua teoria da
História.
Marx não expôs sua teoria da
história com grande riqueza de detalhes, por conseguinte, esta tem de ser reconstruída
a partir de uma variedade de textos, tanto aqueles onde ele tenta aplicar uma
análise teórica de eventos históricos passados e futuros, bem como aqueles de
natureza mais puramente teórica. Destes últimos, o Prefácio de 1859 a A Crítica da Economia Política alcançou um
status canônico. Não obstante, A ideologia
Alemã, é uma das primeiras e principais obras em que Marx começa por
enunciar os princípios da perspectiva do chamado materialismo histórico.
A partir de agora,
explicitar-se-á brevemente uma querela acerca do prefácio de 1859, para que
seja possível observar mais claramente a reconstrução da teoria da história de
Marx dentro da perspectiva de um de seus maiores expoentes, a saber, G. A.
Cohen, o qual se baseia na interpretação de um dos primeiros marxistas russos Plekhanov [2].
Deve-se, no entanto, ter em mente
que a interpretação de Cohen não é universalmente aceita. Cohen reconstrói a
teoria da história de Marx em parte porque estava frustrado com as
interpretações de influencia hegeliana e “dialética” de Marx, ecom o que ele
considerava ser a imprecisão das obras influentes de Louis Althusser, nenhuma
das quais, segundo ele, forneceu um relato rigoroso de pontos de vista de Marx.
Apesar disso, alguns estudiosos acreditam que a interpretação coheniana é
defeituosa precisamente por sua falta de atenção para a dialética. Um aspecto
desta crítica é que a compreensão de Cohen tem um papel surpreendentemente
pequeno na estruturação do conceito de luta de classes, conceito este
aparentemente central para a teoria da história de Marx.
A explicação de Cohen para isto
é que o Prefácio de 1859 não fornece
um papel central à luta de classes, e na verdade sequer é explicitamente
mencionado. No entanto, este raciocínio é problemático, pois é possível que
Marx não quisesse escrever de uma forma que pudesse colocá-lo sob jugo policial,
e, na verdade, um leitor consciente do contexto pode ser capaz de detectar uma
referência implícita à luta de classes através da inclusão de frases como
"então começa uma época de revolução social" e "as formas
ideológicas em que os homens se tornam conscientes deste conflito e lutar até o
fim". Daí não se segue que o próprio Marx pensou que o conceito de luta de
classes era relativamente sem importância, como pensava Cohen. Além disso,
quando A Crítica da Economia Política
foi substituída pelo O Capital, Marx não
fez nenhuma tentativa de manter o Prefácio 1859 em impressão, e seu conteúdo é
reproduzido apenas como uma nota muito abreviada em O Capital.
O Manifesto Comunista é, talvez, a obra mais lida de Marx, mesmo não
sendo o melhor guia para sua filosofia. Este fora novamente escrito em conjunto
com Engels e publicado com um grande senso de emoção, já que, nesse mesmo
período, Marx voltou do exílio para a Alemanha, afim de participar na revolução
de 1848. Com o fracasso da revolução, Marx mudou-se para Londres, onde permaneceu
durante o resto de sua vida. Em seu período lá,centrou-se no estudo de
economia, produzindo, em 1859, sua contribuição para a Crítica da Economia Política; texto este que é amplamente lembrado
por seu prefácio, no qual Marx esboça o que chama de "princípios
orientadores" do seu pensamento, no qual se baseiam muitas interpretações
do materialismo histórico.
A principal obra econômica de
Marx é, naturalmente, O Capital (Volume 1), publicado em 1867, embora o Volume
3, editado por Engels e publicado postumamente em 1894, também seja de muito
interesse. Finalmente, seu último panfleto chamado Crítica do Programa de Gotha (1875) é uma fonte importante para
reflexões de Marx sobre a natureza e organização da sociedade comunista.
Explicitação do Conceito de História e Liberdade em Marx e Hegel
Neste
momento do texto, será realizada uma breve exposição dos conceitos de História
e de Liberdade em Marx e Hegel para que seja possível expor como o conceito de
liberdade é aplicado na teoria do conhecimento de ambos os autores.
Os
Conceitos de História e de Liberdade Hegelianos
Segundo
Hegel, no primeiro capítulo de sua obra Vorlesungüber
die Philosophie der Geschichte, o conceito de História é dividido sob três
espectros principais, a saber: o original (i), o refletido (ii) e o filosófico
(iii).
(i) A História Original é definida, para Hegel, a partir de uma análise
descritiva (e não mitológica) dos eventos históricos realizada pelos próprios
integrantes da sociedade no momento em que ocorrem. Desse modo, nomes como, por
exemplo, Tucídides e Heródoto, representariam perfeitamente tal definição, uma
vez que estes faziam descrições acerca de eventos históricos dentro dos quais
eles mesmos se encontravam inscritos, fazendo com que tais fenômenos exteriores
passassem por um crivo subjetivo daqueles que viviam no mesmo “espírito”.
(ii) A História Refletida é definidapor Hegel de quatro modos, os quais
serão aqui divididos simbolicamente em (a), (b), (c) e (d).
(a) O primeiro aspecto da
História Refletida é que, ao contrário da definição anterior, não há algo como
uma descrição de fenômenos históricos de dentro da historicidade destes mesmos
fenômenos, mas inversamente, a História Refletida é tida como uma apresentação
da história que “ultrapassa o presente, não com relação ao tempo, mas [com relação]
ao espírito.” [3] Ou
seja, nesse tipo de história, há uma seleção, por parte de um autor não
inscrito na historicidade da época que analisa, dos fenômenos históricos
permeantes a essa mesma época, que devem ser relevados com maior ou menor
destaque, dependendo da metodologia que adota, afim de que estes sejam capazes
de expor completamente a totalidade da história de um país sem que se percebam
quaisquer traços de parcialidade ou de individualidade na exposição.
(b) O segundo aspecto da História
Refletida, que deve ser aqui abordado, é o chamado aspecto pragmático. Para Hegel, dentro da história de qualquer contexto, há
algo de invariável dentro das variações; há algo inerente ao evento histórico
cuja generalidade é tão categórica que torna possível, durante a análise posterior
de tal evento, a completa anulação do passado, tornando o evento presente. Tal
processo ocorre, por exemplo, durante a descrição das ações de uma dada
comunidade, a qual seria indeterminável pela própria história, mas oriunda
meramente de tomadas de decisão particulares e não análogas a qualquer evento
histórico anterior. Escreve Hegel:
Cada
época se encontra em circunstâncias tão peculiares, representa uma situação tão
individual, que nela e dela mesma deve e pode pender a decisão. No tumulto dos
acontecimentos mundiais não ajuda um
princípio geral, que serve de recordação de situações análogas, porque uma
pálida recordação não tem força perante a vitalidade e a liberdade do
presente. (opus cit., 2008, p. 15.).
(c) O terceiro modo da
História Refletida é denominado crítico.
Este é caracterizado por Hegel, não como uma mera análise descritiva de eventos
históricos e de seus aspectos mais universais, mas também como uma investigação
acerca da validade subjetiva de tal evento.
(d) Por fim, o último modo da
História Refletida é, o chamado conceitual,
que trata, basicamente, uma análise parcial da história, subsumindo-a a
conceitos (por exemplo, história da arte, história do direito, história da
religião etc.). Tal análise está em transição – por conta de seu caráter
universal – para o terceiro espectro de História Hegeliano, a saber: o filosófico, que será abordado a seguir.
(iii) A História Filosófica é definida por Hegel, resumidamente, como a
observação refletida de um dado evento histórico após a sua derradeira
conclusão. Não obstante, não se deve confundir essa observação a posteriori dos eventos históricos como
um sinônimo da História Refletida. Não se trata aqui de uma mera tendência
generalizante dos acontecimentos históricos para a abstração do passado, mas,
sobretudo, de um pensar a história e adotá-la como um guia, em conjunto com as
ideias oriundas das especulações teóricas da filosofia – as quais são produzidas a priori pela especulação ela
mesma, sem qualquer interferência do realmente existente no mundo [4].
É isto o que há de tão extraordinário na História Filosófica, ela é a
conciliação do trabalho descritivo e do trabalho especulativo, atividades tão
aparentemente contraditórias. A Razão filosófica contempla o mundo realmente
existente e o interpreta segundo seus próprios princípios, pois, em Hegel, não
pode haver oposição entre a história universal e a atividade racional, ambas as
coisas confluem após um processo lógico-dialético.
Uma
vez devidamente explanadas as minúcias conceituais da História em Hegel, é
muito simples entender, agora, do que se trata a Liberdade para esse autor. Ora,
se é verdade que pensar a História e fazer história são uma só e mesma coisa;
se é verdade que o método da ciência e seu conteúdo são uma só e mesma coisa;
se é verdade que pensar a História Universal e ter autoconsciência também são
processos idênticos, então é claro que toda tomada de consciência particular
extravia-se do em-si, vai para fora-de-si e volta para-si como uma compreensão do Espírito Histórico Absoluto. Desse
modo, se compreender a História é compreender a si mesmo e a consciência de si
mesmo é a consciência da História, não há como não haver liberdade. O
pensamento é o que garante ao homem a sua eterna liberdade.
Os
Conceitos Marxistas de História e de Liberdade
Neste momento do texto,
abordaremos, de modo não pormenorizado, as concepções marxistas da História e
da Liberdade, segundo o texto Die
deutsche Ideologie: Kritik der neustendeutschen Philosophie in ihren Repräsentanten
Feuerbach, B. Bauer und Stirner, und des deutschen Sozialismus in
seinenverschiedenen Propheten.
Contrariamente à concepção de
História Filosófica hegeliana, em Marx, não há como conciliar a atividade do
pensamento com a atividade histórica. Os eventos históricos no mundo não
ocorrem devido a um dado espírito
racional que culmina na autoconsciência,
ou a uma dada super-estrutura a priori
do Volk, mas são tão somente
possíveis dadas as bases materiais de uma classe. Desse modo, não há liberdade
alguma em homens que não podem viver materialmente, que não tem roupas, comida
ou saúde. Não há desenvolvimento intelectual se não há base material.
Ele divide os pressupostos da
história em três partes, a saber: (i) a produção dos meios para a satisfação
das necessidades materiais, (ii) a produção de novas necessidades ulteriores à
satisfação das necessidades anteriores e, por fim, (iii) a renovação
sistemática que os homens fazem de si mesmos, procriando.
A atividade histórica para
Marx é, então, precisamente isto: uma atividade. A história é a economia, a
técnica, o salário e as classes. Para fazer história, não basta uma
autoconsciência contemplativa e hipostasiada, é preciso fazer uso da práxis e mudar o mundo descentralizando os
meios de produção das mãos da burguesia e dando-os de volta ao povo. Escreve
Marx:
Na
realidade, para o materialista prático,
isto é, para o comunista, trata-se de
revolucionar o mundo, de enfrentar e de transformar praticamente o estado de
coisas por ele encontrado. (...) A concepção feuerbachiana do mundo sensível
limita-se, por um lado, à mera contemplação deste último e, por outro lado, à
mera sensação; ele diz “o homem” em
vez de “homens históricos reais”. “O homem” é, na realidade, “o alemão”. No
primeiro caso, na contemplação do mundo sensível, ele se
choca constantemente com coisas que contradizem sua consciência e seu
sentimento, que perturbam a harmonia, por ele pressuposta, de todas as partes
do mundo sensível e sobretudo do homem com a natureza. (...) Ele não vê como o
mundo sensível que o rodeia não é uma coisa dada imediatamente por toda
eternidade e sempre igual a si mesma, mas o produto da indústria e do estado de
coisas da sociedade, e isso precisamente no sentido de que é um produto
histórico, o resultado de toda uma série de gerações, que, cada uma delas sobre
os ombros da precedente, desenvolveram sua indústria e seu comércio e modificaram
sua ordem social de acordo com as necessidades alteradas. (...) E de tal modo é essa atividade, esse
contínuo trabalhar e criar sensíveis, essa produção, a base de todo mundo
sensível, tal como ele existe agora, que, se ela fosse interrompida mesmo por um
ano apenas, Feuerbach não só encontraria uma enorme mudança no mundo natural,
como também sentiria falta de todo o mundo dos homens e de seu próprio dom
contemplativo, e até mesmo de sua própria existência.[4]
Dessa forma, fica claro, por meio do fragmento
de texto supracitado, que a fundamentação da história e da liberdade em Marx é
baseada em princípios estritamente materiais. A verdadeira liberdade é a
liberdade de ação frente a um dado estado de coisas no mundo e é nisso que se
constitui, para ele, o comunismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ø ASTRADA, Carlos. Dialética e
História: Hegel-Marx. Buenos Aires, Juárez Editor, 1969.
Ø
HEGEL, G. W. F. A Razão na História: uma introdução geral a
filosofia da história. 4 ed. São Paulo: Editora Centauro, 2012.
Ø
HEGEL, G, W, F. Filosofia
da História, Editora Universidade de
Brasília: 2008.
Ø
HONDT,
Jaques d'. Hegel. Lisboa: Edições 70,
1981.
Ø
MARX,
Karl. A Ideologia Alemã. Editora Boitempo:
São Paulo. 2007.
[1] PLEKHANOV, G.V., (1947 [1895]), The Development of the
Monist View of History, London: Lawrence and Wishart.
[2]HEGEL, G. W. F. Filosofia da História, Editora Universidade de Brasília: 2008, p.
13.
[3]Quando for realizada a explanação sobre o
conceito marxista de História, deve-se atentar que é sobretudo a esse aspecto
do conceito de História hegeliano que Marx se opõe peremptoriamente.
[4]MARX, Karl. A
Ideologia Alemã. Editora Boitempo: São Paulo. 2007, pp. 30-31.
Por Lucas Giesteira
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